Horseshoe Bay
Sabem babymoon, aquela viagem que os casais fazem quando estão grávidos, pra se curtirem e se despedirem da vida fácil? Então, cada um tem o babymoon que pode e o meu foi com a minha mãe, num cruzeiro que passou por algumas ilhas do Caribe. Após isso, antes de o navio seguir para Nova York, parou por dois dias num lugar bem
exótico: Bermuda, ou “As Bermudas”, como aqui conhecemos.
Daí que, mesmo antes de nascer, Ninoca já se aventurou pelo
temido Triângulo das Bermudas, um triângulo
(dã) imaginário formado por linhas também
imaginárias que ligam pontos imaginários (ai, chega que tá parecendo música dos Engenheiros do Hawaii)
localizados em Fort Lauderdale, Puerto Rico e nas próprias
Bermudas. Muitas explicações já foram dadas para
a grande série de desaparecimentos de aviões e barcos
nessa área, algumas viajandonas como monstros marinhos,
fantasmas ou habitantes da Atlântida, e outras menos
fantasiosas como alterações no campo eletromagnético
da Terra. O fato é que estamos aqui, não desaparecemos
e, devido a isso, posso contar um pouco do que eu vi nas Bermudas.
Acho
que lá tem a água de cor mais linda que eu já
vi. Claro que eu não conheço (ainda) paraísos
como Tailândia, Maldivas ou Polinésia Francesa, mas
sou brasileira e conheço um tantinho de Caribe, já
deve valer de algo... O mar tem tons de azul royal, azul turquesa e
um verde esmeralda, tão transparente que dá pra ver o
fundo até quando ele está bem longe. Em contraste, as
praias têm areia branquinha (eles dizem que é “pink sand”)
e formações rochosas de calcário de dar inveja a
Salvador Dalí. Dá pra ficar horas sentado admirando a paisagem... foi basicamente só o que a minha mãe
fez, porque a água é gelada pra burro, mesmo em maio, quase verão no hemisfério norte. Eu e
minha barriga imensa nadamos um pouco, já que diz que água
gelada é boa pra circulação. Visitamos essa
praia linda, Horseshoe Bay, e mais uma praia menorzinha tipo baía,
Jobson's Cove.
Essa só avistamos de cima. Disse o nosso taxista
ser “particular” de um hotel, também maravilhoso e bem
caro.
O
que mais? Bem, visitamos Hamilton, a “cidade grande”.
Tudo limpíssimo e arrumado, jardins públicos bem
cuidados, lojinhas que pareciam casas de boneca (sim, tinha Sephora).
Ao longo da nossa visita deu pra notar que a ilha é, na
verdade, um arquipélago formado por um monte de mini ilhas –
em algumas delas, havia uma única casa. Era curioso tomar o
barco de transporte público e ver a criançada voltando
do colégio e sendo deixada nas ilhazinhas onde moram. Quase
todas as residências também parecem casas de boneca,
pintadas em tons pastel e com o obrigatório telhado branco. A
razão, nos explicou nosso taxista/guia, é que os
telhados devem estar sempre impecáveis, pois a eles estão
conectadas calhas que recolhem a água da chuva para ser
reaproveitada. É, lá quase não existe outra
fonte de água doce. Ele nos disse também que os
impostos são pesadíssimos para estrangeiros que queiram
comprar casa nas Bermudas, exceto quanto a
“condos” (apartamentos). Ou seja, ou você precisa ter
parentes nascidos por ali, ou ter tanto dinheiro quanto o Michael
Douglas e a Zeta Jones – que aliás, têm casa na ilha
e, segundo os locais, são sempre avistados andando por lá.
Arredores de King's Wharf
O
nome do lugar em que nosso navio parou é King's Wharf, onde
outrora atracavam navios da marinha britânica. Na redondeza
existem prédios antigos que eram usados pelos militares, além
do museu marítimo e (claro) um monte de lojas pros turistas tontos (oi!) gastarem seus dólares. O ambiente não
é lá muito festivo – o lugar é lindo, idílico mesmo, mas não
tem aquela coisa de animação praiana, de sol-suor-pouca roupa. Parece que está tudo tão no
lugar que nem os grãos de areia estão desarrumados.
Isso pode irritar algumas pessoas, as mesmas que talvez ficassem chocadas pela visão dos homens de bermuda de
alfaiataria e meias logo abaixo dos joelhos. Mas
calma, tudo tem explicação: os militares britânicos
já usavam esse tipo de vestimenta em lugares calorentos –
afinal, eles tinham colônias em tudo quanto é canto
calorento desse mundo. Daí que na época da Segunda
Guerra, roupas estavam em falta nas Bermudas. Imagina só, tudo
tem que chegar lá de barco (e é por isso que tudo lá
é caro). Foi quando alguém teve a idéia de
imitar a roupa dos soldados britânicos, que ficou conhecida
como “bermuda shorts” por causa do nome do lugar, e não o
contrário.
Bermuda
é também um destino famoso para mergulhadores, e quem sabe um dia eu volte lá com meu futuro certificado. É ainda um lugar bem popular entre os americanos, porque pegar um
vôo de NYC pra lá é barato e rápido. Dá
pra passar o fim de semana, demora menos do que chegar em Ubatuba saindo de SP. Tem também uns cruzeiros que
saem de New Jersey, passam dois dias e voltam. Não achei que precise de muito mais do que dois dias para ver as
melhores coisas. Fiquei triste de não ter ido para Sr. George,
mas é outra desculpa pra voltar.
Claro que tivemos nosso momento Chevy Chase também. Resolvemos
pegar um passeio noturno promovido pelo navio, que em tese seria num
barco com fundo de vidro, para vermos “como a vida marinha
bermudiana se comporta à noite”. No final o tal barco tinha
apenas umas janelinhas no fundo e o povo lá do passeio queria
mais era saber do rum grátis do que de ver qualquer vida
marinha!
Nosso garçom do pub: Ravi que não era Shankar
2 comentários:
Joo, sou leitora do Vende na Farmácia? e vim conhecer o blog (e, aliás, fui uma das colegas de Letras que já comentou esse fato por lá). Amei. Suas viagens são super interessantes e os posts deliciosamente escritos. E eu gosto mais de viajar que de cosméticos... Quero ler muito por aqui, já assinei as atualizações. :)
Só pra dizer que gostei demais de ler suas experiências de viagem, obrigada por compartilhar! :)
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