quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Eslovênia, que não é Eslováquia.

Antes do post, vamos combinar? Eslovênia é uma coisa, Eslováquia é outra. Não só porque são dois países completamente diferentes, mas porque a primeira certa vez fez parte da Iugoslávia, e a segunda já integrou a Tchecoslováquia. Tamos legais?

A Eslovênia é um país pequenino, perto da Croácia e, olha que curioso, da Itália - tanto que da capital Eslovena para Veneza, levei três horas viajando de carro, com parada em posto pra comer/ir ao banheiro e tudo. Uma tia minha passou tempinho morando lá, e aproveitei minha viagem-do-eu-sozinha à Europa em 2009, para fazer uma visita de quatro dias. Achei mais do que suficiente para conhecer os pontos turísticos principais; seria legal ter ficado mais dias porque Ljubliana, a capital, é uma cidade bem ajeitadinha e bonitinha.

Rio Ljublianica

Esse monte de "inhas" corrobora o que ouvi de alguém, na real nem lembro quem: Eslovênia é uma "mini Europa do Leste". Vale dizer, tem tudo o que uma cidade lindona e maior (como Praga) tem, só que em menor escala. Tem o rio Ljublianica com direito a barquinhos; tem arquitetura dura de influência soviética no meio de prédios art-déco; tem castelo no topo do morro; tem alamedas arborizadas com cafés e mesinhas na calçada; tem parque onde o povo loiro toma sol, come picolé e vai patinar.  O trânsito é quase inexistente e todo mundo - todo mundo mesmo, inclusive os vendedores nas lojas, com algumas poucas exceções - fala inglês. Eu achava que, como a língua sérvia é parecida com a língua russa, a língua eslovena também seria. Errei: aquilo lá não parece com nada, e nem adianta tentar entender. Fui muito bem tratada tanto nos momentos mega-turistoides, quanto acompanhando minha tia, residente do país, a restaurante e supermercado.


Vista do topo, onde fica o castelo



A viagem até lá, de trem, partindo de Munique, foi meio tumultuada. Aprendi a duras penas que em Munique muito pouca gente fala inglês (e eles realmente não têm a menor obrigação), e felizmente fiz amizade suficiente com o balconista do McDonalds para que não passasse fome (eu apontava o sanduíche e ele fazia; detalhes como "coca média" ou "batata grande" ficavam de fora das negociações por razões óbvias). Desta forma, como ninguém sabia responder minhas perguntas, cheguei cedo à estação para ter tripla certeza de que pegaria o trem certo. Acontece que peguei uma composição que iria se separar no meio da viagem, e quase vou parar na Sérvia. Pior: só iria saber disso quando chegasse lá. 

A "sorte" é que fui praticamente expulsa (sim!) do vagão em que eu estava por um grupo de gringos super mal educados que não falavam inglês... e nem tinham obrigação mesmo, porém ser educado não custa absolutamente nada. Um deles chegou gritando e mostrando os bilhetes, e pra bom entendedor, meia palavra (mesmo que seja em sérvio) basta. Fiquei meio brava, porque aquela cabine era de primeira classe e, segundo a representante do Eurailpass, meu passe me dava direito a cabine de primeira classe naquele trem, e não havia assentos marcados. Por isso, se você acha que tudo na Europa é organizado, aham, vai achando. 

Pronto. Então, saí do vagão de primeira classe pra ir sentar num de segunda classe, o único que tinha lugar. Acreditem, eu procurei. No caminho, um funcionário da companhia de trens pediu meu bilhete e começou a se agitar todo. Ele também não falava inglês, mas deu um jeito de me dizer que se eu ficasse naquele vagão, iria parar em Belgrado...


Satan esteve em Ljubliana?

Pensando bem, essa foi a única intercorrência da minha estada na Eslovênia. Daí para frente, inclusive no trem (aproveitei o resto da viagem para apreciar a paisagem montanhosa da Áustria), tudo correu lindamente. Passeei pela cidade, fiz algumas comprinhas (como um licor de pêra fortíssimo nível álcool Zulu pro meu pai, uns vasinhos de vidro para minha mãe e minha tia e uns trecos da Lush), tirei milhares de fotos e descobri que o dragão é símbolo de Ljubliana porque dizem que antigamente a cidade era dominada por um dragão malvado e cuspidor de fogo, que um dia se apaixonou por uma "dragoa" (dragona? dragão fêmea?), virou bonzinho e teve um filho dragão sensível e artista. Gostei.




Meu tio também me levou passear em dois lugares bacaninhas. O primeiro foi Bled, cidade turística onde existe um lago com uma ilha no meio, e nele, uma igrejinha. Para chegar ali, barquinhos de madeira. Essa era a ideia que eu tinha de como seria a Europa, quando eu era criança: um lago azul-esverdeado gelado, rodeado por montanhas pontudas com neve no topo, barquinhos, uma igrejinha cujo sino é tocado para dar sorte (eu toquei, e nem me acho das mais azaradas). É de encher os olhos, mesmo. E bem perto da capital: não me lembro exatamente quanto durou a viagem de carro para lá, mas foi menos de duas horas com toda certeza.








Ainda fomos a Postojna, uma das cavernas naturais mais compridas do mundo. Sabiam que tem um monte de cavernas na Eslovênia? Eu não sabia. Confesso que fiquei com medinho de dar um apagão lá e a caverna ficar sem luz com a gente dentro, porque a gente foi descendo, descendo, e a descida não acabava mais. Achei interessante que a temperatura da caverna é constante durante o ano todo - 8 graus celsius, se bem me lembro - e lá eles alugam capas de lã para os desavisados-desagasalhados tipo eu. A capa era verde e comprida, fiquei a cara do Frodo com ela. E tive vontade de voltar lá para ver alguma apresentação de música clássica dentro da caverna - sim, tem um espaço enorme, cabe um monte de gente e dizem que tem uma acústica fenomenal, e por isso são realizados alguns concertos lá.


 Pagando de hobbit em Postojna

Esse foi um pequeno relato da minha visita à Eslovênia, um lugar que todo mundo sabe que existe mas  ninguém vai, e que gostei muito mais de conhecer do que destinos mainstream tipo Los Angeles.



Um comentário:

eva disse...

Achei bem interessante a sua visita a Eslovênia. O passeio na caverna deve ter sido ótimo e ri muito da sua capa de Hobbit.
beijos