Era maio de 2009 e cheguei na Itália de van, vinda da Eslovênia, com três pedras na mão. Minha experiência anterior por lá não tinha sido das mais bacanas no quesito "elemento humano". Até hoje quando me perguntam se eu gostei de Roma, meu primeiro impulso é falar que não: a sujeira, a bagunça, todo mundo gritando com você, e o fato do bilhete de ônibus ser vendido em todo lugar, EXCETO no ônibus. Daí eu paro, penso um pouco, e me convenço de que é impossível simplesmente dizer que não se gosta de um lugar onde está o Foro Romano, o Coliseu, a Via Appia, a Piazza Navona, de modo que, muitos anos depois, ainda estou confusa. Mas Roma merece um post à parte, e nesse aqui falarei de outra cidade.
A tal da van, que peguei em Ljubliana (e que era para ser um ônibus, mas o quórum era de apenas dois passageiros - eu e um cara que fedia - e o motorista), nos deixou em Mestre, a uma estação de trem de distância do meu destino final, Veneza. Me disseram que era só comprar o bilhete e entrar em qualquer composição, e em questão de poucos minutos eu chegaria. No guichê tinha um italiano mal humorado - o que até então, para mim, era uma redundância. Comprei o bilhete, escolhi uma plataforma randomicamente, e fui esperar.
A cena que se seguiu pareceu de desenho animado: se eu estava na plataforma 1, o trem passava na 4. Daí eu corria para a plataforma 2, e o trem passava na 3. Tudo isso com uma mochila monstruosa nas costas, cheia de bugigangas eslovenas de vidro. Não tinha viv'alma na tal da estação, só o chato do guichê de venda de bilhetes e lá fui eu pedir informação, já sabendo o que viria. O italiano gritou comigo em italiano e eu gritei com ele em italiano também (é, foi isso aí). Eventualmente, o trem acabou passando na plataforma em que eu estava.
E valeu o perrengue. Mal aí pelo clichê, mas o que eu vi quando saí da estação de trem em Veneza é indescritível - e olha que aquele é o pedacinho mais feio do Grande Canal. Quer mais vários clichês? O lugar parou no tempo, parece de mentira, parece que dali a pouco o Shylock vai passar na sua frente. Diz um livro que comprei lá, aliás, que Shakespeare nunca foi a Veneza (yeah, amarelei e comprei a versão em inglês, ao invés do original em italiano).
Por falar em pedacinho, quando cheguei no quarto em que iria passar alguns dias, fiz a dança da alegria ao ver que a janela abria direto para um dos milhares de pequenos canais que cortam a cidade. Tinham comentado do cheiro ruim da água, mas não senti nada. Talvez o quadro seja pior no inverno, em cujos meses a cidade fica alagada e é bom levar um par de galochas. Eu ganhei sol veneziano de presente em todos os dias, exceto no último - quando também começou uma greve geral na Itália, que por sorte não afetou o meu trem pra Paris, mas me impediu de ir ao Lido já que os vaporettos estavam operando de forma limitada. Enfim, na frente da minha havia mil e uma janelinhas, com roupa pendurada e cara de casa mesmo, onde realmente mora gente, e fiquei me perguntando como seria morar naquele lugar que tem meio lata de Projac da vida real...
Fiz alguns passeios programados, como a Accademia (para ver os Ticianos e os Tintorettos!!!) e o Palácio dos Doges (a foto que ilustra o post foi tirada de um de seus balcões, e foi o museu que eu mais gostei nessa ida à Europa). Também fui ver e atravessar a ponte Rialto, cheia de movimento tanto nela quanto dos dois lados: gente passando, gente vendendo coisa, turista indo e vindo. Nos outros momentos, fiquei lá me perdendo pela cidade cheia de ruazinhas capilares onde mal cabe uma pessoa... sim, é um pouco assustador, mas ao mesmo tempo bizarramente fascinante. Destaque para as lojas de fantasias, com os manequins vestidos de capas longas e máscaras cintilantes. À noite, é creepy.
A tal da van, que peguei em Ljubliana (e que era para ser um ônibus, mas o quórum era de apenas dois passageiros - eu e um cara que fedia - e o motorista), nos deixou em Mestre, a uma estação de trem de distância do meu destino final, Veneza. Me disseram que era só comprar o bilhete e entrar em qualquer composição, e em questão de poucos minutos eu chegaria. No guichê tinha um italiano mal humorado - o que até então, para mim, era uma redundância. Comprei o bilhete, escolhi uma plataforma randomicamente, e fui esperar.
A cena que se seguiu pareceu de desenho animado: se eu estava na plataforma 1, o trem passava na 4. Daí eu corria para a plataforma 2, e o trem passava na 3. Tudo isso com uma mochila monstruosa nas costas, cheia de bugigangas eslovenas de vidro. Não tinha viv'alma na tal da estação, só o chato do guichê de venda de bilhetes e lá fui eu pedir informação, já sabendo o que viria. O italiano gritou comigo em italiano e eu gritei com ele em italiano também (é, foi isso aí). Eventualmente, o trem acabou passando na plataforma em que eu estava.
E valeu o perrengue. Mal aí pelo clichê, mas o que eu vi quando saí da estação de trem em Veneza é indescritível - e olha que aquele é o pedacinho mais feio do Grande Canal. Quer mais vários clichês? O lugar parou no tempo, parece de mentira, parece que dali a pouco o Shylock vai passar na sua frente. Diz um livro que comprei lá, aliás, que Shakespeare nunca foi a Veneza (yeah, amarelei e comprei a versão em inglês, ao invés do original em italiano).
Por falar em pedacinho, quando cheguei no quarto em que iria passar alguns dias, fiz a dança da alegria ao ver que a janela abria direto para um dos milhares de pequenos canais que cortam a cidade. Tinham comentado do cheiro ruim da água, mas não senti nada. Talvez o quadro seja pior no inverno, em cujos meses a cidade fica alagada e é bom levar um par de galochas. Eu ganhei sol veneziano de presente em todos os dias, exceto no último - quando também começou uma greve geral na Itália, que por sorte não afetou o meu trem pra Paris, mas me impediu de ir ao Lido já que os vaporettos estavam operando de forma limitada. Enfim, na frente da minha havia mil e uma janelinhas, com roupa pendurada e cara de casa mesmo, onde realmente mora gente, e fiquei me perguntando como seria morar naquele lugar que tem meio lata de Projac da vida real...
Fiz alguns passeios programados, como a Accademia (para ver os Ticianos e os Tintorettos!!!) e o Palácio dos Doges (a foto que ilustra o post foi tirada de um de seus balcões, e foi o museu que eu mais gostei nessa ida à Europa). Também fui ver e atravessar a ponte Rialto, cheia de movimento tanto nela quanto dos dois lados: gente passando, gente vendendo coisa, turista indo e vindo. Nos outros momentos, fiquei lá me perdendo pela cidade cheia de ruazinhas capilares onde mal cabe uma pessoa... sim, é um pouco assustador, mas ao mesmo tempo bizarramente fascinante. Destaque para as lojas de fantasias, com os manequins vestidos de capas longas e máscaras cintilantes. À noite, é creepy.
Comer em restaurantes turísticos gastando pouco é difícil por lá. Até porque eles te empurram aquele menu fechado. Eu acabei virando cliente do supermercado Bila, pertinho do prédio em que eu fiquei, e quase ao lado de uma filial da Lush... Lá eu comprava aquelas garrafinhas pequenas de vinho e coisas deliciosas como presunto de parma a precinhos módicos. Pra quem ainda vai, dê uma olhada nesse post, sobre restaurantes baratos. Porque é chato estar com fome, ficar rodando uma cidade labiríntica, e só encontrar menus por 50 euros.
E o "elemento humano" em Veneza foi bem mais legal comigo do que em Roma: conheci franceses, russos (que ao saber que eu estudava a língua, tentaram conversar comigo, coitados), brasileiros e, pasme, italianos, todo mundo muito gentil e contente. Lá, não dá pra não ficar.
Um comentário:
Eu fui a Itália esse ano, passamos por Milão, Veneza, toscana e Roma. Fiquei encantada com Venez, tão bela, meu dedo enlouquecei e sai apertando o botào da máquina fotográfica como uma alucinada. Gostoso passear por suas ruelas.
beijos
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