segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Bermudas, as do triângulo



Horseshoe Bay


Sabem babymoon, aquela viagem que os casais fazem quando estão grávidos, pra se curtirem e se despedirem da vida fácil? Então, cada um tem o babymoon que pode e o meu foi com a minha mãe, num cruzeiro que passou por algumas ilhas do Caribe. Após isso, antes de o navio seguir para Nova York, parou por dois dias num lugar bem exótico: Bermuda, ou “As Bermudas”, como aqui conhecemos.

Daí que, mesmo antes de nascer, Ninoca já se aventurou pelo temido Triângulo das Bermudas, um triângulo (dã) imaginário formado por linhas também imaginárias que ligam pontos imaginários (ai, chega que tá parecendo música dos Engenheiros do Hawaii) localizados em Fort Lauderdale, Puerto Rico e nas próprias Bermudas. Muitas explicações já foram dadas para a grande série de desaparecimentos de aviões e barcos nessa área, algumas viajandonas como monstros marinhos, fantasmas ou habitantes da Atlântida, e outras menos fantasiosas como alterações no campo eletromagnético da Terra. O fato é que estamos aqui, não desaparecemos e, devido a isso, posso contar um pouco do que eu vi nas Bermudas.

Acho que lá tem a água de cor mais linda que eu já vi. Claro que eu não conheço (ainda) paraísos como Tailândia, Maldivas ou Polinésia Francesa, mas sou brasileira e conheço um tantinho de Caribe, já deve valer de algo... O mar tem tons de azul royal, azul turquesa e um verde esmeralda, tão transparente que dá pra ver o fundo até quando ele está bem longe. Em contraste, as praias têm areia branquinha (eles dizem que é “pink sand”) e formações rochosas de calcário de dar inveja a Salvador Dalí. Dá pra ficar horas sentado admirando a paisagem... foi basicamente só o que a minha mãe fez, porque a água é gelada pra burro, mesmo em maio, quase verão no hemisfério norte. Eu e minha barriga imensa nadamos um pouco, já que diz que água gelada é boa pra circulação. Visitamos essa praia linda, Horseshoe Bay, e mais uma praia menorzinha tipo baía, Jobson's Cove.



Essa só avistamos de cima. Disse o nosso taxista ser “particular” de um hotel, também maravilhoso e bem caro.



O que mais? Bem, visitamos Hamilton, a “cidade grande”. Tudo limpíssimo e arrumado, jardins públicos bem cuidados, lojinhas que pareciam casas de boneca (sim, tinha Sephora). Ao longo da nossa visita deu pra notar que a ilha é, na verdade, um arquipélago formado por um monte de mini ilhas – em algumas delas, havia uma única casa. Era curioso tomar o barco de transporte público e ver a criançada voltando do colégio e sendo deixada nas ilhazinhas onde moram. Quase todas as residências também parecem casas de boneca, pintadas em tons pastel e com o obrigatório telhado branco. A razão, nos explicou nosso taxista/guia, é que os telhados devem estar sempre impecáveis, pois a eles estão conectadas calhas que recolhem a água da chuva para ser reaproveitada. É, lá quase não existe outra fonte de água doce. Ele nos disse também que os impostos são pesadíssimos para estrangeiros que queiram comprar casa nas Bermudas, exceto quanto a “condos” (apartamentos). Ou seja, ou você precisa ter parentes nascidos por ali, ou ter tanto dinheiro quanto o Michael Douglas e a Zeta Jones – que aliás, têm casa na ilha e, segundo os locais, são sempre avistados andando por lá.



Arredores de King's Wharf

O nome do lugar em que nosso navio parou é King's Wharf, onde outrora atracavam navios da marinha britânica. Na redondeza existem prédios antigos que eram usados pelos militares, além do museu marítimo e (claro) um monte de lojas pros turistas tontos (oi!) gastarem seus dólares. O ambiente não é lá muito festivo –  o lugar é lindo, idílico mesmo, mas não tem aquela coisa de animação praiana, de sol-suor-pouca roupa. Parece que está tudo tão no lugar que nem os grãos de areia estão desarrumados. Isso pode irritar algumas pessoas, as mesmas que talvez ficassem chocadas pela visão dos homens de bermuda de alfaiataria e meias logo abaixo dos joelhos. Mas calma, tudo tem explicação: os militares britânicos já usavam esse tipo de vestimenta em lugares calorentos – afinal, eles tinham colônias em tudo quanto é canto calorento desse mundo. Daí que na época da Segunda Guerra, roupas estavam em falta nas Bermudas. Imagina só, tudo tem que chegar lá de barco (e é por isso que tudo lá é caro). Foi quando alguém teve a idéia de imitar a roupa dos soldados britânicos, que ficou conhecida como “bermuda shorts” por causa do nome do lugar, e não o contrário.





Bermuda é também um destino famoso para mergulhadores, e quem sabe um dia eu volte lá com meu futuro certificado. É ainda um lugar bem popular entre os americanos, porque pegar um vôo de NYC pra lá é barato e rápido. Dá pra passar o fim de semana, demora menos do que chegar em Ubatuba saindo de SP. Tem também uns cruzeiros que saem de New Jersey, passam dois dias e voltam. Não achei que precise de muito mais do que dois dias para ver as melhores coisas. Fiquei triste de não ter ido para Sr. George, mas é outra desculpa pra voltar.


Claro que tivemos nosso momento Chevy Chase também. Resolvemos pegar um passeio noturno promovido pelo navio, que em tese seria num barco com fundo de vidro, para vermos “como a vida marinha bermudiana se comporta à noite”. No final o tal barco tinha apenas umas janelinhas no fundo e o povo lá do passeio queria mais era saber do rum grátis do que de ver qualquer vida marinha!



Nosso garçom do pub: Ravi que não era Shankar





2 comentários:

Fernanda disse...

Joo, sou leitora do Vende na Farmácia? e vim conhecer o blog (e, aliás, fui uma das colegas de Letras que já comentou esse fato por lá). Amei. Suas viagens são super interessantes e os posts deliciosamente escritos. E eu gosto mais de viajar que de cosméticos... Quero ler muito por aqui, já assinei as atualizações. :)

rnt disse...

Só pra dizer que gostei demais de ler suas experiências de viagem, obrigada por compartilhar! :)