terça-feira, 16 de outubro de 2012

Did it hurt...? (when you fell from heaven)

Esse post aqui foi escrito em 10 de setembro de 2007, nosso (meu e da Fefê) penúltimo dia em San Francisco, depois de uma viagem tão, mas TÃO legal que fomos embora chorando, as duas (parece tonto mas é sério). Era minha segunda vez na cidade; depois, ainda voltei mais duas vezes: numa viagem de eu-sozinha, com direito a show do Paul McCartney e tudo, e por último com a minha família, quando rodamos um pouco do norte da Califórnia de carro.

Duas coisas a notar: 1) viajei de volta para o Brasil em 11 de setembro, eu tenho essa mania; 4 anos depois, nascia Ninoca, neste mesmo dia. E 2) muitos anos depois assisti a um documentário sobre pessoas que pulam da Golden Gate, a maioria querendo - e conseguindo - se matar. Esse aqui, ó.

O post estava originalmente sem acento mas, como acho que isso pode acabar ficando chato, acentuei agora. E coloquei uma foto da viagem também. Enjoy.

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Parece que os approaches prontos nao mudam com as mudanças de latitude e longitude. E parece, tambem, que o Anônimo (oi, Anônimo!) que comentou no post anterior tinha razão: procurar marido aqui é otimismo de grosso calibre, e os únicos a lançar approaches em direção à minha pessoa, até agora, foram alguns homeless no finalzinho da Market Street.

Mas tudo bem, tsá? Tudo bem, porque ontem cansamos de tentar distinguir a silhueta da Golden Gate Bridge atraves do fog, smog, whatever, e decidimos ir até lá. Quer dizer, nao é que decidiiiiiimos ir até lá, simplesmente fomos indo até que acabamos chegando. Iniciamos com uma inocente subida pela Grant St, que fica bem no meinho de Chinatown. Daí então pusemos o pé na pirambeira mesmo, até o topo de Telegraph Hill, mais algumas escadas e um elevador de filme B de terror rumo ao ultimo andar da Coit Tower, para uma visao de 360 graus da cidade linda lá embaixo, ainda que com o tempo nublado.

Com os pés no solo de novo, mais pirambeira: desta vez, subida da Russian Hill, onde fica a rua mais sinuosa do mundo, a Lombard Street, toda florida e que aparece em todos os filmes. A Lombard, na verdade, é uma rua longa (como a maioria das ruas aqui, aliás), e aquele trecho onde toooooodos os turistas (nós inclusive) param pra tirar fotos é apenas um pedacinho dela.

Pra baixo todo santo ajuda: descendo a Russian Hill fomos, como que num passe de mágica, parar atrás de Ghirardelli Square, do qual fugimos correndo ao perceber que, ali, estava rolando a festa anual do chocolate. Almoço em Fisherman's Wharf, meio cedo para nossos padrões (era apenas meio-dia e meia, sendo que estávamos nos acostumando a almoçar apenas lá pelas duas da tarde), porque a ideiazinha de andar seis milhas até a ponte vermelha já ia nascendo em nossas cabecinhas.

Com o vento vindo do mar nos embaraçando o cabelo (parece poético, mas na real ficou uma caca), atravessamos a colina onde fica Fort Mason, a praia em Crissy Field - onde apenas os labradores têm coragem pra entrar no mar - e fomos andando, andaaando, andaaaaaando... a cada momento ela estava mais perto, mais peeeerto, mais peeeeeeerrrrtooooo... até que só faltava mais uma, umazinha colina, já no Presidio... e então éramos nós, na Golden Gate, 4200 pés de altura (não, eu não vou fazer as contas pra saber quantos metros dá isso, mas é alto pacas), com a visao mais privilegiada possivel da baía.

Eu ainda nem sabia que dava pra atravessar à pé, mas há uma passarela, mirantes para admirar a vista e, sim, telefones conectados a "crisis lines" especiais: o cara sobe lá pra se matar, pega o telefone, e algum voluntario de alma boa o convence de que viver é legal e que é melhor não pular. Então tá!

Um picolé de limão pra quem adivinhar onde terminamos o dia: yeah, restaurante tailandês again, boa comida e atendimento sorridente a precinhos módicos. Tornou-se o básico de nossa viagem aqui pra SanFran. Outro básico é dormir em lugares públicos - a segunda soneca foi em Yerba Buena Gardens (e eu adoooro esse nome, "Yerba Buena", ha!), ao som de um grupo havaiano tocando ukulele e cantando, num festival que estava acontecendo por lá.

Despeço-me agora, pra postar novamente só quando chegar em Sao Paulo, depois de amanha. Tomarei meus dois aviõezinhos amanhã, dia cabalístico, rumo à minha casa e de volta à minha vida. Em geral gosto de voltar mas, desta vez, confesso estar sem a menor vontade. Ficaria por aqui, com o vento a emaranhar meus cabelos, mais uns dois, tres, dez, setenta meses. E cada um de vocês poderia passar quantos dias quisesse comigo, em paga por terem lido todas essas baboseiras.

Até a volta e, após eu ter conseguido enfiar toda a minha porcaria na mala, bom retorno pra nós.


(vou ali choramingar um pouco)

Um comentário:

Ariett disse...

Não chora! Vai ter planos de festa de aniversário para fazer quando voltar. Saudade de novo!